Qu'importa a cor, se as graças, se a candura,
Se as formas divinaes do corpo teu
Se escondem, se adivinhão, se apercebem
Sob esse tão subtil, ligeiro véu?
Que importa a cor, se o sceptro da belleza
Co'o mesmo enleio e brilho nos seduz?
E se o facho d'amor reflecte a esparge
Ou no jaspe, ou no ébano, egual luz?
E menos bella, acaso, a violeta
Por que o céu lhe não deu nevada cor?
Não é gentil a escura peônia
Ou do verde lilaz a roxa flor?
Não tem encantos mil a noute escura,
Não deleita então mais o rouxinol?
Não serão do crepúsculo as sombras pallidas
Mais bellas do que a luz d'ardente sol?
Não vive o alvo lyrio um dia apenas,
E praso egual a cândida cecém,
Em quanto que nas balsas a saudade
De cada vez mais viço e vida tem?
Que importa a cor, se as graças, se a candura,
Se as formas divinaes do corpo teu
Se escondem, se adivinhão, se apercebem
Sob esse tão subtil, ligeiro véu?
*Cândido Furtado*
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