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27.5.13

Cândido José de Araújo Viana, Marquês de Sapucaí


Cândido José de Araújo Viana, Marquês de Sapucaí (1793-1875). — Magistrado, administrador, político, era pacato, moderado, tímido em demasia.

Escreveu muito pouco. Em prosa seu trabalho principal é o célebre artigo inserto no Correio Oficial de 28 de setembro de 1833, contestando os serviços de José Bonifácio à nossa independência política; em poesia os decantados versos à memória de sua filha. O artigo pode ser indicado como um dos mais limpos trechos do jornalismo político do tempo; é medíocre sem ter as grosserias e declamações então tanto em voga.4 Araújo- Viana era ministro quando o escreveu, por ocasião de ser deposto o velho Andrada do cargo de tutor do imperador.

É uma peça sem grande préstimo literário e de pouco alcance histórico.

Os versos são singelos e delicadíssimos. Por eles é que esse político tem um lugar neste livro.

O velho mineiro tinha uma filha, que havia plantado um canteirinho de violetas; antes que estas desabrochassem, morreu a moça. Sobre o seu túmulo foi o poeta depor as primeiras flores, quando abriram, e escreveu estes versos:
"Da -planta que mais prezavas, 
Que era, filha, os teus amores, 
Venho de pranto orvalhadas
Trazer-te as primeiras flores…

Em vez de afagar-te o seio,
D’enfeitar-te as lindas tranças,
Perfumarão esta lousa 
Do jazigo em que descansas.

Já lhes falta aquele viço 
Que o teu desvelo lhes dava… 
Gelou-se a mão protetora 
Que tão fagueira as regava…

Desgraçadas violetas, 
A fim prematuro correm… 
Pobres flores!… também sentem! 
Também de saudade morrem!"
É uma cousa caprichosa a poesia. Três ou quatro notas singelas tocam as fibras d’alma; e quantas vezes vastas composições pretensiosas deixam-nos de todo indiferentes! O velho poeta em quatro quadrinhas em estilo popular disse mais do que Magalhães em todo o volume dos Mistérios e Cânticos Fúnebres, consagrados à memória de seus filhos. Nestes a metafísica e a ciência intervêm e nos atiram em especulações abstratas. Nos versinhos de Araújo Viana a simplicidade da linguagem deixa ver em toda a força a verdade do sentimento. A boa poesia é assim transparente e límpida em sua espontaneidade.

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